Maurício Macedo, CEO da Fiera Milano Brasil, abriu o Congresso Reatech nesta quinta-feira (21) ao lado de Marcelo Pires, CEO da Consolidar Diversidade, que faz a curadoria do evento. O espaço na 19ª Feira Internacional de Inclusão, Acessibilidade e Reabilitação começou com a plenária sobre a luta anticapacitista, destacando a acessibilidade como um pilar fundamental para a sustentabilidade.
Mostrando as duas formas de interpretar o capacitismo (discriminação e um sistema de opressão), Anahí Guedes, Doutora em Antropologia pela Universidade Federal de Santa Catarina e Membro do Comitê de Deficiência e Acessibilidade da Associação Brasileira de Antropologia, falou sobre as maneiras e os momentos quando ela ocorre. “Não existe nenhum ser humano que não perca capacidades ao longo de sua vida”, afirma Guedes.
Na sequência, Marinalva Cruz, analista de diversidade e inclusão da Coca-Cola FEMSA e Diretora de Relações Governamentais e Empregabilidade da Turma do Jiló, destacou as formas como o capacitismo se apresenta. “Quando ele acontece de uma forma subjetiva, não tão visível, impacta mais. As pessoas com deficiências têm vários direitos negados ao longo do dia e nós, como sociedade, não ficamos indignados da mesma forma.”
Rebecka Barbosa, Presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São José dos Campos, apresentou que a cultura do assistencialismo dificulta a ocupação de novos lugares das pessoas com deficiência. “Precisamos entender que uma mulher com deficiência tem 90% mais chances de ficar aprisionada no relacionamento, sem sair de casa. A partir do momento que ela entende que o corpo dela não é público, construímos uma pessoa que exige seus direitos de maneira clara e objetiva”, afirmou Barbosa.
Por fim, a acessibilidade digital foi o destaque da fala de Simone Freire, CEO da Espiral, idealizadora do Web para todos, especialista em acessibilidade digital, palestrante e uma 10.000 Women Godman Sachs. “Não tem uma pessoa dentro da feira que não utilize a tecnologia no seu dia a dia, desde a hora que acorda até quando vai dormir. Mas menos de 3% dos sites brasileiros estão acessíveis para as pessoas com deficiência. São quase 20 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência, que dependem de soluções digitais
Soluções digitais ajudam a promover ESG e políticas anticapacitistas nas empresas
Aliado ao tema do Congresso Reatech, os estandes das empresas traziam diversas tecnologias assistivas, ou seja, recursos e serviços que promovem a inclusão social dando mais autonomia e independência para as pessoas que as utilizam. Assim, especialmente no ambiente do trabalho, fica mais possível falar em equidade e promover um local justo para todos.
A Icom possui uma plataforma de atendimento em língua de sinais, que conecta intérpretes de Libras gratuitamente com os usuários, facilitando a comunicação entre pessoas surdas e ouvintes. Ao promover a inclusão e a autonomia, a ferramenta também colabora com as práticas de ESG (governança ambiental, social e corporativa)
Uma das missões da Google é “organizar as informações disponíveis no mundo e torná-las acessíveis e úteis para todas as pessoas”. Presente na Reatech pela primeira vez neste ano, a companhia atua em todas etapas de desenvolvimento para ser mais assertivo em seus produtos e serviços.
“Queremos ir onde o usuário está. Notamos que muitas pessoas não conhecem as ferramentas que temos. Ao todo, são mais de 30. Na Reatech, trouxemos quatro que atendem diferentes grupos, visando mostrar algo interessante a todos que vierem ao nosso estande”, disse Bernardo Barlach, gerente do Programa de Acessibilidade e Engajamento Externo na América Latina.
Alexandre Soares, CEO da Tools DS, uma empresa de soluções digitais, destacou que a participação na feira, além de mostrar os serviços que otimizam os resultados para as companhias que atendem, serve para mostrar que eles querem representar todas as parcelas da sociedade de forma igualitária.
“Nosso objetivo é ter os mesmos números de onde estamos inseridos. Nossa empresa trabalha atualmente com 5,7%, buscando chegar aos 8%. As mulheres são 52% no estado de São Paulo e já temos 62% na companhia. Em cargos de liderança, esse número cai para 49%, mas até o final do ano já estaremos com 50%”, disse Soares.
Medalhista olímpica de judô participa das atividades de vivência esportiva
Nas Paralimpíadas de Paris deste ano, o Brasil terminou em primeiro lugar no quadro de medalhas do judô, o melhor resultado da modalidade para o país nos últimos anos. Esse é apenas um dos motivos que fazem o esporte, repleto de características que o tornam naturalmente acessível, ser uma das potências nacionais, tanto em sua prática tradicional quanto adaptada para pessoas com deficiência.
“Hoje, o esporte cresceu muito e você vê uma grande busca dentro do judô convencional por pessoas que tenham algum tipo de deficiência para inclusão na modalidade paralímpica, mas o Brasil já faz esse trabalho de inclusão das pessoas com deficiência no judô há muito tempo”, avalia Jaime Roberto Bragança, técnico da Seleção Brasileira de Judô Paralímpico.
No segundo dia da Reatech, o treinador conduziu uma prática de vivência esportiva na Arena Lutas, localizada no espaço do Comitê Paralímpico Brasileiro. O objetivo da atividade foi oferecer breves experiências práticas e apresentar técnicas de movimentos e fundamentos de diversas modalidades de luta aos visitantes da feira. Nesta quinta-feira (21), o destaque foi o judô.
A atividade contou com a participação da atleta Érika Zoaga, de 36 anos, que estreou nas Paralimpíadas de Paris este ano e já garantiu um lugar no pódio, conquistando a medalha de prata. “Eu e o judô, a gente se escolheu”, compartilha a sul-mato-grossense, relembrando seus 18 anos de prática, iniciados aos 17 anos de idade. “O esporte muda a vida da gente pra melhor.”
Participando da atividade em sua primeira visita à Reatech, Nádia Lourenço, professora de educação infantil especial da rede municipal de Campinas (SP), relatou estar “maravilhada com a experiência”. A profissional trabalha com alunos de altas habilidades, superdotação, transtorno do espectro autista e deficiências físicas e visuais, e considera a oportunidade de conhecer as novidades apresentadas na feira como algo muito oportuno para o avanço da inclusão e educação de pessoas com deficiência: “Em todo o tempo aqui nós estamos vendo tecnologias e recursos, então é muito rico.”
“A tecnologia deve ser acompanhada de um processo de fisioterapia e reabilitação adequados para beneficiar os pacientes”, afirma gerente do Instituto Internacional de Neurociências
A Reatech – Feira Internacional de Inclusão, Acessibilidade e Reabilitação, principal evento do setor na América Latina, contém em sua programação o Congresso de Medicina Física e Reabilitação (Reamed). No segundo dia de palestras, Edgard Morya, gerente do Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra, localizado em Macaíba no Rio Grande do Norte, ministrou palestra sobre desenvolvimento de tecnologias assistivas para reabilitação.
“Atualmente, existem implantes periféricos e espinhais que atuam diretamente nas terminações nervosas e são capazes de causar estimulação elétrica funcional (FES) e estimulação da medula espinhal. Esta inovação tecnológica assistiva corrobora para um processo de fisioterapia e reabilitação mais personalizado e efetivo para a recuperação do paciente. Aliado a isso, os profissionais de fisioterapia precisam dar atenção a outros sistemas, como o excretor, urinário e cardiovascular para que a reabilitação seja feita de forma completa e não em partes”, afirmou Morya.
Formado em fisioterapia, Morya esteve envolvido no projeto de exoesqueleto robótico para membros inferiores controlado pela atividade elétrica do cérebro, utilizando uma interface cérebro-máquina não invasiva. O equipamento foi apresentado ao mundo na abertura da Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
Para ele, as tecnologias precisam se moldar às demandas dos pacientes e os profissionais de fisioterapia devem estar capacitados para prestar o melhor atendimento possível. “Para o Brasil atingir o que chamamos de Saúde 5.0, precisamos alinhar o processo de criação e desenvolvimento da tecnologia necessária com o tratamento dos profissionais da saúde. Sem essa interação, a reabilitação é deficitária e a tecnologia não cumpre seu objetivo de dar autonomia e qualidade de vida para as pessoas”, concluiu Morya.
Reatech proporciona ao público experiências de modalidades paralímpicas
Basquete, vôlei e bocha foram algumas das modalidades adaptadas para pessoas com deficiência que os visitantes da 19ª Reatech puderam experimentar nesta quinta-feira (21) na Quadra Poliesportiva. Instrutores e atletas de entidades como a ADD (Associação Desportiva para Deficientes) e o IBP (Instituto Barueri Paralímpico) estiveram presentes para orientar as atividades e compartilhar suas vivências no esporte.
Em meio às atividades, Alex Sandro Pereira Nunes, 41 anos, chamou a atenção pela simpatia e habilidades esportivas. Atleta de corrida de rua há 12 anos, Alex já praticou natação e bocha. Nos últimos dois anos, como integrante da equipe Achilles Brazil, conquistou 20 medalhas, motivado pela sua paixão pelo esporte. “O que eu mais gosto é competir”, compartilha o atleta, que também é veterano na Reatech e vê no evento uma oportunidade para trocar experiências e inspirar novos talentos.
A quadra também atraiu profissionais e estudantes interessados em inclusão e reabilitação. Reinaldo Garcia, 21 anos, finaliza sua graduação em fisioterapia nas próximas semanas. Natural de Espírito Santo do Pinhal, interior de São Paulo, o estudante participou do evento pela segunda vez: “Venho à feira para conhecer as inovações (…) Acho muito importante iniciativas que buscam integrar as pessoas com deficiência aos mais diversos ambientes”.
Já Marcello Oliveira, 24 anos, participou do evento pela primeira vez. Natural de Taipu/RN, o estudante de terapia ocupacional da PUC Campinas aproveitou a excursão organizada pela faculdade e chegou à Reatech com o objetivo de explorar novas abordagens para o atendimento de pessoas com deficiências motoras.
Além das atividades de basquete, vôlei e bocha, a Quadra Poliesportiva da Reatech ofereceu experimentações em modalidades como atletismo e chute a gol, proporcionando aos visitantes uma compreensão direta do impacto dessas práticas na inclusão e no bem-estar das pessoas com deficiência.
Voluntários oferecem acolhimento aos visitantes na Reatech
Em todas as suas edições a Reatech tem a participação de um time de voluntários de excelência. São estudantes, profissionais de diversas áreas e aposentados que se dedicam a ajudar os visitantes na feira. Com uma equipe diversa, incluindo pessoas com conhecimento em Libras e o memorável colete vermelho, os 275 voluntários estão sempre prontos para oferecer assistência quando necessário. A prioridade é assegurar a inclusão e acessibilidade, acompanhando e dando suporte a quem mais precisa.
Para oferecer um atendimento de qualidade, os voluntários recebem capacitação básica, aprendendo, por exemplo, como conduzir uma pessoa com deficiência visual ou auxiliar cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. Esse preparo é essencial para garantir um cuidado inclusivo durante os quatro dias do evento.
“Nosso time de voluntários é formado por pessoas de diferentes perfis, todas com o desejo de participar, ajudar e compartilhar experiências. Esse ambiente promove novos relacionamentos e enriquece tanto quem recebe apoio quanto quem oferece. Para muitos, o voluntariado aqui se torna uma verdadeira escola, contribuindo para sua formação pessoal e profissional. É como um estágio prático, especialmente para quem está estudando. Mas não é só isso: temos também voluntários que não têm vínculo com universidades, mas participam simplesmente porque gostam e sentem prazer em ajudar”, destaca Suely Yanez, coordenadora de voluntários da Reatech.
Entre os voluntários, há novatos e veteranos, como Ivanir Rodrigues (65), que participa pela terceira vez como voluntária no evento. Para ela, a felicidade dos visitantes e a oportunidade de ajudar o próximo são as principais motivações para retornar todos os anos. “Eu acho que as pessoas deveriam ter a Reatech como referência, porque quem vem aqui pela primeira vez nunca mais esquece. Ver tantas pessoas que, mesmo com suas limitações, se mantêm felizes e ativas é algo contagiante. Isso nos inspira e nos ensina a ter mais empatia pelo próximo”, declara a veterana.
Suely compartilha que o voluntariado sempre começa com muita alegria! “Somos a porta de entrada para acolher as pessoas que chegam, especialmente aquelas com deficiência visual, mobilidade reduzida ou que precisam de auxílio de alguma forma. Nosso papel é receber cada um com um sorriso, um abraço e toda a energia positiva que podemos oferecer”.
Essa alegria também contagiou Beatriz Waimberg (18), estudante de Terapia Ocupacional, que decidiu participar como voluntária, mesmo tendo planejado inicialmente conhecer a feira apenas como visitante. “Assim que soube da possibilidade de ser voluntária, tive certeza que era a escolha certa. Ter uma feira como a Reatech é fundamental, tanto no aspecto humano quanto social, porque mostra a importância de recursos acessíveis para promover inclusão e acessibilidade. Aqui, as pessoas encontram o que precisam”, ressalta Beatriz. A jovem ainda reforça que sua motivação vai além das obrigações acadêmicas. “Viemos aqui muito mais para contribuir com a feira, por ser um evento tão bonito, do que por uma necessidade de estudo. Com certeza, retornarei nas próximas edições”, conclui.
Empresas oferecem vagas de emprego para pessoas com deficiência
As empresas expositoras da 19ª Reatech, a principal feira de Inclusão, acessibilidade e reabilitação da América Latina, aproveitaram o evento para divulgar cursos e vagas de emprego para pessoas com deficiência. Foi criado um ambiente específico para este fim, a Arena Empregar.
O Projeto tem como objetivo promover a inclusão profissional de pessoas com deficiência e indivíduos em processo de reabilitação, conectando-os diretamente com empresas e instituições que oferecem oportunidades de inclusão no mercado de trabalho e tem a participação de empresas corporativas, recrutadoras, organizações sociais, especialistas e público em geral.
Um dos expositores com oportunidades de cursos e vagas de emprego é o SENAC, que além das vagas de emprego para jovens aprendizes e para ampla concorrência, que abarcam pessoas com deficiência, a instituição de ensino apresenta o Programa de Educação para Trabalho Trampolim, iniciativa exclusiva para pessoas com deficiência intelectual.
“Toda a nossa programação regular é aberta para as pessoas com deficiência. Então, não fazemos diferenciação com relação aos cursos. Ao receber um interessado, a gente procura fazer as adaptações necessárias para atender aquele estudante, a depender da área que ele escolher. Sobre a projeto Trampolim, vimos a necessidade de fazer algo exclusivo para pessoas com deficiência intelectual, uma vez que, entendemos que este público têm uma dificuldade maior de inserção no mundo do trabalho”, afirma Andreza Matsumoto, coordenadora do Programa de Inclusão e Diversidade do SENAC.
“No Trampolim, trabalhamos habilidades para que as pessoas com deficiência intelectual possam se adequar ao mundo do trabalho de uma forma geral, então, priorizamos que ela tenha uma boa comunicação, que seja capaz de ter autonomia e de se regular dentro de um ambiente mais formal”, completa.
Os visitantes interessados em saber sobre os cursos e vagas de emprego na instituição podem ir até o estande para saber mais detalhes. Além do SENAC, Carrefour, Atacadão, Assaí, Santander entre outras empresas expositoras estão com vagas abertas para pessoas com deficiência em setores operacionais e administrativos.
Serviço:
Reatech Brasil + Expo Brasil Paralímpico 2024
Feira Internacional de Inclusão, Acessibilidade e Reabilitação
Data: 20 a 23 de novembro
Horário: das 10h às 19h
Local: São Paulo Expo
Endereço: Rodovia dos Imigrantes, 1,5 km – Vila Água Funda, São Paulo – SP
Mais informações neste link.
Fotos da edição de 2024 acesse aqui
Sobre a Fiera Milano Brasil
A Fiera Milano Brasil é a filial brasileira da Fiera Milano, um dos maiores players de feiras e congressos do mundo que a cada ano atraem aproximadamente 30 mil expositores e mais de cinco milhões de visitantes. No Brasil, são realizadas dez feiras que representam os mais diversos segmentos da economia, como segurança, energias limpas e renováveis, tubos e conexões, cabos, saúde no trabalho, tecnologias em reabilitação, inclusão e acessibilidade, entre outras. Entre as principais marcas do portfólio estão Exposec, FISP, Fire Show, Congresso Ecoenergy, Tubotech, wire Brasil, Fruit Attraction São Paulo, em parceria com IFEMA Madrid, Reatech + Expo Brasil Paralímpico, em parceria com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Esquadria Show, em parceria com NürnbergMesse Brasil, TranspoQuip e ExpoParking em parceria com a BMComm. Mais informações: www.fieramilanobrasil.com.br
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