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Pessoas com deficiência usam redes sociais para combater preconceitos

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Influenciadores digitais com algum tipo de deficiência física têm combatido o preconceito com humor e informação. Vídeos que expõem problemas diários enfrentado por pessoas com deficiências e que falam sobre reconhecimento e empoderamento conquistam milhares de seguidores no Brasil. Conversamos com quatro nomes que são referência nacional na redes sociais para falar sobre igualdade e como evitar a cultura do capacitismo.

O que é capacitismo?

Capacitismo é um termo usado para caracterizar o preconceito contra pessoas com deficiência. A palavra vem do inglês ableism, que significa, em tradução literal, “capacidade”. Na prática, uma pessoa capacitista discrimina pessoas com características físicas, sensoriais e intelectuais que fogem do que consideram um “padrão normal” da sociedade. Esse preconceito pode ser aparente, mas também pode ser velado.

A legislação já considera o capacitismo um crime. Instituída em 2016, a Lei Brasileira de Inclusão define, no art. 4, que “toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação”. Assim, uma pessoa capacitista pode ser presa ou pagar uma multa por esse preconceito.

Humor como aliado

Com a camisa escrita “Deficiente é o seu preconceito!”, o influcenciador digital Ivan Baron, de 22 anos, contou ao Estado de Minas um pouco da sua trajetória na internet. “Essa palavra influenciador é muita responsabilidade, mas eu resolvi ocupar esse espaço pois eu tinha uma necessidade de passar informações, novos conceitos sobre pessoas com deficiência que outros influenciadores não passavam”.

Ivan têm mais de 43 mil seguidores no Instagram e 122,8 mil no TikTok. Além disso, o influencer do Rio Grande do Norte é formado em direito e faz palestras sobre capacitismo.

Baron disse que era uma pessoa muito reservada antes da vida pública e que tinha medo da reação das pessoas. “Eu era uma pessoa muito tímida, que tinha medo de me expor, com medo de as pessoas me julgarem por ser diferente, por pensar fora da caixinha. Então, sempre guardava pra mim o que eu pensava. Até que um dia eu resolvi expôr e percebi que tinham outras pessoas que pensavam como eu.”

Eu vejo muita gente discutir sobre racismo, LGBTQI fobia, feminismo, e essas são questões muito importantes, mas e o capacitismo, cadê? Então porque não ocupar esse espaço também?

Ivan Baron, influcenciador digital

Em suas redes, Ivan não se limita a falar apenas sobre as suas deficiências. “Sempre tento escutar outras pessoas com outras deficiências para falar com as pessoas sem deficiência”, comentou. Assim, o influenciador brinca que seu trabalho “é um projeto individual com colaboradores”.

Para quebrar tantos paradigmas, Ivan usa criatividade em seus vídeos e comenta que isso se tornou um grande diferencial na hora de passar a sua mensagem. Assim, o humor tornou-se um grande aliado. “Por que não passar informação de uma forma leve e distraída? O humor acredito que seja uma das melhores formas para isso”.

Segundo o jovem, “não é porque é comédia que a gente não pode fazer nossas críticas sociais”. “Pelo contrário, é mais um motivo para passar com responsabilidade o que a gente acredita. E eu venho percebendo que as pessoas estão amando”, afirmou.

O influenciador comenta que é possível ter uma sociedade menos capacista e mais inclusiva, mas que precisa de ajuda nessa conquista. “As marcas precisam entender que pessoas com deficiência conseguem influenciar outras pessoas”, comentou.

O futuro é acessível mas o presente tem que ser inclusivo

Ivan Baron, influcenciador digital

Multitalentos

O trabalho com a internet veio naturalmente para a influenciadora digital Juliana Santos. Ela conta que começou para divulgar o seu trabalho como estilista. Aos poucos, Juliana desenvolveu dois projetos on-lines.

“Quando comecei a criar, eu fazia roupas para mim. Então, comecei a postar fotos no Orkut e as minhas amigas gostavam. Criei um blog para mostrar os meus looks e virei uma blogueira de moda. O Instagram começou pequeno. Fazia apenas short customizados e, depois, vestidos de noiva. Com isso, as redes deram um ‘boom’ e minha vida pessoal se tornou tão interessante quanto meu trabalho como estilista”, comentou.

Juliana separous projetos em dois perfis. “Primeiro, tinha uma foto da minha filha comendo papinha e depois duas noivas casando. Então, tive de separar e fazer dois instagrams: o perfil do atelier, que tem muito engajamento, e o meu pessoal, onde eu falo o que eu gosto, o que eu acredito e defendo”, explicou.

Santos conta que sempre tenta ensinar alguma coisa, mesmo que em brincadeira.  “Acho que quando a gente começa a explicar e falar para as pessoas que o que elas fazem é errado, mas não de uma forma agressiva ou querendo militar, faz a pessoa refletir e não querer que eu esteja naquela situação”, afirmou.

Juliana disse que muitas pessoas com corpos “normais” a agradecem por ajudá-las a quebrar esse preconceito. “Vi pessoas falando que eram capacitistas e não sabiam. Vi outras falando que aprenderam a contratar pessoas com deficiência e outros contando que param de ver as pessoas com deficiência como apenas exemplo de superação”, comentou.

Juliana explica que a comédia é a forma “abordar assuntos mais sérios”. Mas, ela conta que a essa estratégia começou de uma forma diferente dentro do seu trabalho. “Comecei a postar os vídeos mais engraçados no TikTok e repostá-los no Instagram. Então, o meu conteúdo começou a ficar muito mesclado. As pessoas não querem mais ver aquela vida de princesa da Disney”. Mas, Juliana explica que a proposta não é atrair o público  apenas pela risada. “Eu não quero ser a palhacinha do circo sem mão. Se você me segue só pela comédia e não por quem eu sou, talvez você esteja me seguindo pelo motivo errado”, afirmou.

 

Fazendo História

Cacai Bauer vem fazendo história como a primeira digital influencer com síndrome de down. Aos 26 anos, a modelo já conquistou mais de 118 mil seguidores. A trajetória on-line de Cacai começou em 2016, quando ela criou um canal no YouTube. “Minha irmã, Luiza, queria muito criar um canal de cover e acabou desistindo. Aproveitei a empolgação dela e criei o meu canal. Antes disso eu já postava as minhas apresentações de teatro e alguns vídeos caseiros”, contou.

 

Cacai disse que não via outras pessoas com deficiências trabalhando como influencers quando começou a carreira. “Nós fizemos várias buscas na internet e não encontramos ninguém que fizesse o trabalho que eu estava desenvolvendo. Um site para o qual dei entrevista também fez a mesma pesquisa e não encontrou.”

 

Para a modelo, a forma de produzir o conteúdo influencia na recepção do público. Para ela, a informação é mais absorvida por meio da comédia. “Sempre tento fazer o meu conteúdo de forma leve e divertida”, explicou.

 

As produções para as redes sociais de Cacai envolvem toda a família Bauer. “A minha equipe é a minha família. Minha mãe cuida da produção, minha irmã faz as gravações, fotos e edições, meu irmão atua comigo e meu pai faz a minha assessoria de imprensa e meu mídia kit”, comentou.

Apesar dos desafios do início de carreira, hoje a modelo se mostra muito esperançosa sobre o futuro dos influenciadores digitais com deficiência. “Eles devem ir trabalhar na grande mídia.”

Não é uma vida triste

“Então, não é uma vida sofrida. Eu consigo falar de diversos assuntos”, afirmou a influenciadora digital mineira Stephanie Marques. Desde 2019, Stephanie vem crescendo no Instagram com conteúdos relacionados ao universo feminino.

 

Apesar de ter mais de um ano de carreira, ela contou que somente no início deste ano que ela começou a falar sobre a sua deficiência. “Já que eu sou uma pessoa com deficiência, resolvi abrir mais esse assunto no meu perfil”. A mineira tem mais de 5 mil seguidores no Instagram e continua expandindo sua presença na plataforma.

Com essa atitude de falar sobre a sua deficiência, Stephanie notou como ela consegue atingir a sociedade. “Acho que o meu conteúdo mostra a representatividade. No meu caso, com baixa estatura, mostra eu levo a vida de uma forma extremamente normal, assim como qualquer outra pessoa deveria levar”, explicou.

“Não sou nenhum exemplo de superação ou que eu sou guerreira. Eu sou apenas uma mulher adulta de baixa estatura vivendo a minha vida. As pessoas têm esse olhar inicial de que uma pessoa com deficiência é uma pessoa coitadinha e sofrida. E quando elas olham o meu conteúdo e tudo o que eu mostro e represento, essa visão muda.”

A influencer completa que o seu gosto para moda também ajudou a quebrar esse preconceito. “Tenho um consumo de moda consciente e meu estilo é muito minimalista, então as pessoas também se identificam com essa visão. E eu sei que isso também quebra os preconceitos pois eu passo essas ideias de uma forma muito tranquila. Então não é uma vida sofrida, eu consigo falar de vários assuntos.”

Além da moda, Stephanie conta que o humor ajuda bastante a cativar o público. “A gente consegue dar um sermão. E é uma estratégia que eu me identifico super”.
FONTE:
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