Alda Enestina dos Santos desenvolveu a tabela após curso on-line durante a pandemia da Covid-19. Material está disponível na internet e será transformado em aplicativo.
Um curso on-line durante a pandemia, uma ideia e o surgimentos de uma ferramenta importante na educação inclusiva: a tabela periódica na língua brasileira de sinais (Libras). A ideia foi da professora de química do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), campus Bambuí, Alda Ernestina dos Santos, que disponibilizou a tabela gratuitamente pelo site do instituto e planeja transformá-la em aplicativo.
A professora, natural de Luz, no Centro-Oeste de Minas, disse ao G1 que leciona química no IFMG há um ano e faz parte Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (NAPNEE) no campus Bambuí.
A Tabela Periódica Inclusiva nasceu durante um curso de libras feito por ela durante a pandemia da Covid-19 como forma de colocar em prática os conhecimentos que adquiriu no curso de Libras.
“Tive a ideia de desenvolvê-la após participar do curso. Como membro do NAPNEE, um dos meus objetivos é produzir materiais didáticos adaptados para alunos com algum tipo de necessidade educacional específica, tais como deficiência visual, auditiva, TDAH”, disse.
Desenvolvimento
O material começou a ser produzido em abril e foi finalizado em julho. No entanto, a divulgação ocorreu no dia 7 de agosto. A professora explicou que a confecção da tabela não teve custo financeiro, mas demandou dias intensos de dedicação e trabalho.
“Todo o planejamento e criação do material, desde o layout até a configuração dos links, foram desenvolvidos por mim. Contudo, contei com a colaboração da professora de química Vássia Soares, na revisão do conteúdo técnico, e da intérprete de Libras Layse Moura, na revisão da língua”, explicou Alda completando que ambas são servidoras do IFTM de Bambuí.
A educadora disse ainda, que devido os retornos positivos que está recebendo pela confecção do material, decidiu expandir o projeto.
“Vamos transformar a tabela periódica inclusiva em um aplicativo para dispositivos móveis. Este projeto se encontra em execução e conta atualmente com a participação de mais três professores e um aluno do curso de engenharia da computação do campus”, disse.
Escassez de conteúdo inclusivo
Doutora e Mestre em Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alda ressaltou que há escassez de materiais adaptados para alunos com necessidades específicas, especialmente no ensino de disciplinas exatas como química, física e matemática.
Portanto, ela acredita que a tabela periódica será um material de grande valia, tanto como apoio para professores, quanto para para acessibilidade de alunos deficientes auditivos no país.
“Considerando que pessoas surdas têm a Libras como a língua materna, e nem sempre os professores dominam esta língua ou têm à sua disposição um intérprete de Libras em sala de aula, a tabela inclusiva poderá auxiliar tanto no trabalho dos professores, quanto na aprendizagem, inclusão e socialização dos alunos” destacou.
A tabela é também um material para alunos em geral, que desejam aprender a representação dos elementos químicos em libras e conhecer as principais propriedades. O material tem, além do símbolo da língua de sinais, informações importantes para cada elemento, como número atômico, massa atômica, distribuição eletrônica, estado físico e o grupo a que pertence.
“Em termos de incentivo ao ensino, acredito que o desenvolvimento da tabela possa também contribuir para que mais iniciativas inclusivas como esta venham a ser desenvolvidas por professores de outras áreas visando facilitar a aprendizagem de alunos com algum tipo de necessidade educacional específica”, finalizou a professora.
Fonte:
LIBRASOL
