O mundo autista é realmente fascinante, né não? Depois que você é tocado por esta causa, é difícil não se envolver. Foi assim com a vendedora Aparecida Cabral, de 23 anos, que conheceu o que era o autismo através do Miguel, de 9.
Há dois anos, Miguel entrou com a família na loja da RiHappy, do Shopping Campo Grande, em busca de uma Galinha Pintadinha, e saiu com uma amiga para a vida, a quem ele chama carinhosamente de “a amiga da RiHappy”.
Cida trabalha na loja há 4 anos. Antes da pandemia, todos os sábados a família de Miguel passou a ir à loja e a vendedora passava um tempão brincando e interagindo com ele.
“Através do Miguel eu conheci e descobri que eles ensinam cada coisa, um carinho, um jeito diferente, que a gente acaba amando“, contou Cida.
Os dois estabeleceram uma relação que nem a vendedora, nem o garoto, nunca vivenciaram. Ele até permite que Aparecida o abrace, o que é uma grande evolução para uma criança autista, que geralmente não gosta do convívio social com desconhecidos. “A gente se abraça, na verdade, ele não me abraça, porém vai na minha frente e eu abraço ele, é sempre assim, ele para e eu abraço”, conta.
Atendimento da vendedora faz toda a diferença para a família
A relação de Cida com Miguel vai além de uma vendedora que tenta convencer o filho a fazer com que o pai leve um produto para casa. Até mesmo fora da loja, ele a reconhece e vai falar com ela. “Ela fala que é encantada por ele, que ele não pede nada, só quer brincar”, conta a mãe de Miguel, a bióloga Andressa Piacenti, de 39 anos.
Certa vez, Miguel queria ganhar um ônibus da Peppa Pig, e a vendedora não só mostrou o presente, como sentou com ele no chão e abriu todos os brinquedos num círculo. “Tem uma música que ele gosta, ela sentou e ligou todos eles com toda paciência”, descreveu a mãe.
Ah, gente! Isso nem é vendedora, isso é amor e empatia mesmo.
Vendedora tatuou nome de Miguel no braço durante distanciamento por causa da pandemia
A convivência da dupla foi interrompida no ano passado por causa da pandemia. Com a distância, Aparecida deu um jeito de ficar mais próxima de Miguel: tatuou o nome dele no braço junto com o símbolo do autismo.
“Eu não imaginava, a gente não tem palavras. Eu chorei, meu marido chorou, minha mãe chorou. Todo mundo da família ficou emocionado, não dá para explicar como que o Miguel, de alguma forma, mexe com a vida de outras pessoas. Eu tenho um olhar completamente diferente das pessoas e do mundo depois do Miguel, mas saber que ele consegue tocar a vida de outras pessoas é sensacional”, revelou a mãe.
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Atitude transformou a vida da família, da criança e da vendedora
Cida ainda nem é mãe, mas já aprendeu muito com o garoto, principalmente com relação ao autismo. “Eu amo o Miguel, ele é sincero comigo, demonstra um carinho por mim e através dele eu aprendi o que era o autismo e como lidar com a criança“, disse.
A família de Miguel se permitiu deixá-lo sempre com a vendedora enquanto fazia outras atividades no shopping, coisa que nunca tinham conseguido. “Com o autismo é difícil alguém querer ficar com os nossos filhos, nem os parentes querem porque não sabem lidar. E ela não, descobriu o autismo com o Miguel, foi se interessando e eles ficando cada vez mais próximos”, falou Andressa.
E ela realmente aprendeu muito. “Hoje se eu vejo alguma criança chorando o meu olhar por ela já é diferente, porque eu sei que pode não ser um choro normal”, disse Cida.
“Principalmente no momento que a gente está vivendo, descobrir que ainda existem pessoas boas, com empatia, se colocar no lugar do outro e ter um gesto de carinho, de compreensão é o que a gente mais sonha para os nossos filhos. Ficamos felizes e muito gratos, são anjos como a Cida que Deus coloca nas nossas vidas para nos dizer: ‘vocês não estão sozinhos’“, disse a mãe.
E Miguel respondeu por mensagem de áudio ao ver a foto no Whatsapp da tato da tia. “Eu gostei do que a amiga fez. Muito obrigado, tô com saudade, tchau”. E mandou um beijão!
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